Dicas Cuesta de Botucatu

Conheça um pouco a Cuesta de Botucatu e seus principais atrativos: Pedra do Índio, Três Pedras, Cachoeiras da Pavuna,  Gigante Adormecido e Base da Nuvem.


APA de Botucatu

A Área de Proteção Ambiental de Botucatu (APA de Botucatu ) foi criada pelo Decreto Estadual nº 20.960/1983,  para proteger, dentre outros,  as Cuestas Basálticas, os Morros Testemunhos e as áreas de Recarga do Aquífero Guarani.

Abrange não só o território do Município de Botucatu, mas também o de Angatuba, Avaré, Bofete, Guareí, Itatinga, São Manuel, Pardinho e Torre de Pedra, todos no Estado de São Paulo.

A forma de relevo encontrada nesta região é a denominada Cuesta, caracterizada por um declive  suave de um lado (chamado reverso) e uma encosta íngreme e abrupta do outro (chamada front), apresentando em sua baixada, próximo ao front,  os chamados morros testemunhos, conforme imagem abaixo:

Fonte: Atlas da Cuesta

Os Morros Testemunhos, são fragmentos do reverso da Cuesta que resistiram aos processos erosivos ocorridos ao longo dos anos. Testemunham que a estrutura daquele relevo outrora foi única, antes do recuo do front.

Diferentemente das Serras, que são formadas por  diversas áreas íngremes (lembrando os dentes de um serrote),  as Cuestas possuem apenas uma área íngreme. Assim,  o trecho íngreme  da Rodovia Marechal Rondon, que sobe para Botucatu (onde se localiza a famosa ingrejinha),  chamado erroneamente de  Serra de Botucatu, é uma parte do front da Cuesta de Botucatu.

Aquífero Guarani

Aquífero Guarani na Cuesta de Botucatu

O Aquífero Guarani é a segunda  maior reserva de água subterrânea do mundo (perde apenas para o, recém descoberto, Sistema Aquífero Grande Amazônia, 3,5 vezes maior ) e a maior reserva transfronteiriça da América do Sul.

Estende-se pelos territórios do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, sendo que sua maior área encontra-se em território brasileiro, nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Trata-se de uma formação geológica porosa, que se encharca de água, advinda da superfície, armazenando-a, como uma esponja. Essa água se encontra em constante movimento, desde as áreas de recarga (por onde ela se infiltra no aquífero) até as áreas de descarga (rios, nascentes, poços artesianos, etc)

A formação do Aquífero Guarani data da época dos dinossauros,  quando um grande deserto arenoso cobria a região. Nessa época, a América e a África formavam um só continente.

Em dado período iniciou-se um lento e gradativo deslizamento das placas tectônicas, que separou a América e a África, abrindo grandes fissuras na crosta terrestre, que permitiu que o magma subisse à superfície, soterrando as camadas arenosas.  Posteriormente esse magma resfriou, e originou o que se conhece hoje por rocha basáltica.

Seguiu-se, então, um período de grandes mudanças climáticas, que provocou uma forte glaciação na região, seguida por um degelo, que causou erosão da rocha basáltica e o afloramento de parte da camada arenosa, o qual permitiu a infiltração da água,  formando o Sistema Aquífero Guarani. (Assista o vídeo “O Magnífico Aquífero Guarani“, a partir de 1:39, e entenda melhor o processo que deu origem a esse grande reservatório de água subterrânea)

Aquífero Guarani na Cuesta de Botucatu
Fonte: Cadernos do Projeto Ambiental Estratégico Aquíferos – Número 5

A profundidade do Aquífero Guarani, do seu topo à superfície, varia de zero (região de afloramento) até,  aproximadamente, 1.000 metros na Argentina (região de confinamento).

Fala-se em “afloramento” quando a camada arenosa está exposta na superfície, ou próxima dela, sem a camada basáltica lhe cobrindo. Fala-se em confinamento, quando há basalto sobre a camada arenosa, confinando-a.

Por isso, as principais área de recarga do Aquífero Guarani são as áreas de afloramento, onde a água da chuva cai sobre a superfície e se infiltra diretamente no aquífero. Trata-se de região onde o aquífero se encontra mais vulnerável à contaminação. Já o aquífero confinado está mais protegido, devido a presença de uma espessa camada de rocha basáltica, acima dele, que dificulta a infiltração da água.

De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) quanto mais profundo um aquífero, mais rica em minerais a água será, dado o longo tempo que uma partícula de água leva para viajar de uma área de recarga para uma área de descarga, dissolvendo, durante todo este período, o material geológico. Por esse motivo, em muitas áreas, a água do aquífero não é própria para consumo. A água de melhor qualidade  encontra-se próxima às áreas de afloramento.

As cidades de Pardinho, Conchas, São Manuel, Torre de Pedra, Bofete e Itatinga (cidades integrantes da Cuesta de Botucatu),  possuem, segundo a Cetesb, mais de 40% de sua área no afloramento do Aquífero Guarani, sendo possível avistar, em muitos pontos, a rocha arenosa do aquífero, exposta, como, por exemplo, na trilha que leva à base das Três Pedras, onde se vê água minando da rocha.

Segundo a Agência Nacional de Águas, aproximadamente 90% da água do Aquífero Guaraní se encontra confinada (aquífero confinado) e 10% em áreas de afloramento (aquífero livre, ou freático, ou não confinado).

Visando a conservação e o aproveitamento sustentável do Aquífero Guarani, em 2010,  Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinaram o Acordo sobre o Aquífero Guarani, aprovado pelo Congresso Nacional em 2017.

Atrativos da Cuesta de BotucatuFront da Cuesta de Botucatu

Para os amantes do ecoturismo, a Cuesta de Botucatu é um prato cheio.  Nela você pode percorrer belas trilhas (a pé ou de bike); apreciar  vistas panorâmicas de seus muitos mirantes; escalar ou fazer rapel no  seu front e morros testemunhos; tomar um belo banho de cachoeira (e haja banho, porque sao muitas); fazer cascading; voar como os pássaros, de tirolesa ou paraglider e, ainda por cima, comer uma boa comidinha da roça, apreciando uma bela vista.

Abaixo, uma listinha dos principais atrativos desse lindo lugar, esculpido pela natureza.

Pedra do Índio, no front da Cuesta de Botucatu

Pedra do Índio: O mais belo mirante das Três Pedras, com uma vista de 180 graus da Cuesta de Botucatu. Trata-se de parte do front da Cuesta, localizado no Sítio Planalto,  no município de Botucatu, próximo à divisa com o município de Bofete.

 

Três Pedras: Morros Testemunhos que se destacam na paisagem da Cuesta, sendo a sua base um dos melhores locais para acampar na região. Local repleto de mistérios e lendas, e que formam os pés do Gigante Adormecido, localiza-se no Sítio Três Pedras, no município de Bofete.

Cachoeira da Pavuna em cânion na Cuesta de Botucatu

Cachoeiras da Pavuna: Complexo de cachoeiras, que variam de pequenas cascatas a grandes e volumosas quedas d’água. Localizadas em cânion as margens da Rodovia Marechal Rondon, no município de Botucatu, próximo a divisa com o município de São Manuel.

Gigante Deitado, visto do front da Cuesta de Botucatu

Gigante Adormecido: conjunto de morros que, avistados de longe, lembram a figura de um grande homem deitado. Os melhores mirante dessa figura mística,  encontram-se na Estrada do Picadão (Estrada Municipal Constantino Pauletti), no município de Pardinho,  especialmente na Venda do Vivan, no Km 6 (foto ao lado).

Base da Nuvem, front da Cuesta de Botucatu

Base da Nuvem: parte do front da Cuesta utilizado como rampa de voo livre, para saltos de paraglider. Localizada na Estrada Municipal Geraldo Biral, n. 98, no município de Botucatu.

Quer conhecer tudo isso, na sua passagem pela Cuesta de Botucatu? Então veja a nossa dica de roteiro abaixo:

Dia 1 – Mirante do Gigante Adormecido
Dia 2 – Três Pedras e Pedra do Índio
Dia 3 – Base da Nuvem e Pavuna

No primeiro dia, visite bem cedo o Mirante da Pedra do Índio e faça, ali mesmo, uma trilha que leva a outros mirantes da Cuesta e a algumas grutas. Depois desça para a Cantina da Figueira, almoce e siga para o Sítio Três Pedras. Lá deixe o carro na sede da fazenda e siga a pé até a base das pedras (se você não gosta de caminhar, vá de carro até la). Acampe ali.

No segundo dia, ataque o cume da Pedra, desmonte acampamento, retorne até a sede da Fazenda, pegue seu carro e vá até a Venda do Vivan. Lá aprecie a bela paisagem com a figura do gigante deitado, coma uma gostosa coxinha, voe na Tirolesa do Gigante, ao lado, e siga viagem rumo à Fazenda Pavuna. Se tiver pique, visite, nesse mesmo dia, um grupo de cachoeiras (cachoeiras 1 e 2), retorne ao alto do cânion e monte acampamento (próximo a sede ou mais próximo às cachoeiras)

No terceiro dia visite o outro grupo de cachoeiras (cachoeiras 3, 4 e 5) –  ou todas elas se você não tiver visitado nenhuma no dia anterior – levante acampamento e siga rumo à Base da Nuvem. Lá, voe de paraglider ou simplesmente aprecie a vista, finalizando, assim o seu passeio nos principais pontos da Cuesta de Botucatu.


Mais sobre essa trip

Pedra do Índio
PEDRA DO ÍNDIO
Três Pedras
TRÊS PEDRAS
Cachoeiras da Pavuna
CACHOEIRAS DA PAVUNA
Gigante Adormecido
GIGANTE ADORMECIDO

Deixe uma comentário