Travessia da Serra Negra

Relato da travessia da Serra Negra realizada em 2 dias, com início no Posto Marcão e fim na Cachoeira Santa Clara. De grau difícil, a trilha possui trechos que podem gerar dúvidas, ante algumas bifurcações existentes.


Cachoeira na travessia da Serra Negra

Local: Parque Nacional do Itatiaia
Data:  Agosto/2017
Percurso: Posto Marcão (Portaria Parte Alta) – Cachoeira Santa Clara (Visconde de Mauá)
Distância: 30 Km aproximadamente
Tempo: 2 dias
Participantes: Keila Beckman, Emerson Fonseca, Suelen Nishimuta, Bruno Rapozo, Daniel Vazquez, André Lima, Karine Angelini, Samuel Oscar, Bruno Henning, Mônica Lima
Grau de dificuldade: Difícil (grandes distâncias percorridas por dia)


O Encontro do Grupo

O grupo da travessia da Serra Negra
O grupo

Chegamos a Itamonte no dia anterior ao da nossa travessia e ficamos hospedados em um sítio localizado a 10Km da Garganta do Registro, as margens da BR 354, chamado Estalagem Pintassilgos.

Grande parte do grupo chegou na noite de sexta feira, embaixo de uma chuvinha chata que insistia em não parar. Choveu a semana toda e a previsão para a travessia não era das melhores .

Samuel e Karine chegaram na madrugada.  Karine ainda estava tirando as botas para se deitar quando, as 5:00, o primeiro celular começou a despertar, meia hora adiantado do horário programado. Na mesma hora eu pensei “coitadinhos, não vão dormir nada”.

Conversei então com o Bruno, na cama ao lado, que tinha colocado o celular para despertar no horário combinado (5:30), e pedi para alterar para as 6:00, para que Karine e Samuel pudessem dormir  ao menos 1 hora.

Logo deu 6:00 e tivemos que acordar, pois nosso resgate nos pegaria as 6:30 e ainda tínhamos que tomar café da manhã .

Peguei então minha mochila e o restante das minhas coisas e fui arrumar tudo fora do quarto. Orientei  os demais a fazerem o mesmo,  a fim de não fazerem barulho  e deixarem os dois, que chegaram na madrugada , dormirem um pouco mais.

Tínhamos marcado de partir da hospedagem as 6:30, rumo ao parque, porém,  acabamos partindo uma hora depois, chegando lá por volta das 8:30. O horário limite para entrada na travessia é as 9:00.

O tempo não estava muito amigável. Não chovia, mas estava totalmente encoberto.

Dia 1: Posto Marcão – Pousada Pico Serra Negra

Neblina durante a travessia da Serra Negra
Mal tempo no início da travessia

Após os trâmites de costume, na portaria do parque (entrega da autorização, pagamento dos ingressos, preenchimento da ficha pelos integrantes do grupo), iniciamos a travessia as 8:40, pela trilha do Circuito 5 Lagos, a qual parte ali mesmo da portaria do parque, à esquerda.

Não chovia, porém o tempo estava bem nublado,  não nos deixando  apreciar a linda vista que aquele local proporciona das Agulhas Negras, Pedra do Sino e Pedra do Altar. Uma pena termos perdido esse visual,  mas aquele ar sombrio que aquelas nuvens causavam, também teve a sua beleza.

Seguimos subindo  pela trilha, entre a vegetação baixa, e logo iniciamos uma descida que nos levou a um trecho de lajes  de pedra, onde passamos pela Cachoeira 5 lagos .

Após isso, iniciamos um trecho de lajes mais inclinado,  onde havia uma placa alertando para o perigo (“Atenção: Piso inclinado. Pedra escorregadia”). Nesse momento, as nuvens se dissiparam e pudemos  finalmente avistar  a Pedra do Altar, por alguns instantes.

Pedra do Altar durante a travessia da Serra Negra
Pedra do Altar

Mas a alegria durou pouco. Logo as nuvens voltaram a tomar conta de tudo.

Encontramos, neste local,  com um grupo indo celebrar um casamento na Pedra do Altar.  Passaram por nós: todos os convidados, a noiva (de vestido branco e bota), o noivo e o padre , indo em direção ao altar daquele matrimônio, que não podia ter um nome mais apropriado.

Desconhecia o fato de que  celebravam casamentos na Pedra do Altar mas, pelo o que falaram,  parece que isso é comum lá.

Bom, passado esse trecho, as 11: 20, finalmente, chegamos à bifurcação que levava à Pedra do Altar, à direita. Pretendíamos fazer um ataque nessa pedra, de onde teríamos  um visual de 360 graus do parque, mas o mal tempo nos fez prosseguir com a travessia (à esquerda).

Seguimos então descendo até o Vale do Aiuruoca, onde passamos pela placa que indica as trilhas da Travessia da Serra Negra (esquerda) e Travessia Rancho Caído (direita).

Pegamos a trilha da nossa travessia e continuamos a caminhada por aquele lindo vale, com vista para a Pedra do Sino e os Ovos da Galinha, à nossa direita, até chegarmos à bifurcação que levava à base da Cachoeira do Aiuruoca,  onde  chegamos por volta das 12:30 e fizemos uma parada para almoço.

Assim que chegamos, o Dani desceu até a base da cachoeira para dar um mergulho rápido e usar seu shittube. Os demais ficaram ali mesmo “almoçando”.

Assim que o Dani voltou da cachoeira, e começou a almoçar,  uma chuvinha chata precipitou do céu acinzentado.

Como de costume, a fim de não ficarmos parados embaixo da chuva, esfriando o corpo, começamos logo a arrumar nossas coisas, para nos por em movimento. Mas o Dani  ainda estava almoçando, ali, em pé,  embaixo da chuva.

Essa cena não me saiu da cabeça por um bom tempo. Um senhor, já de idade avançada, comendo sua marmitinha vegetariana, em pé, embaixo da chuva, enquanto colocávamos as mochilas nas costas.

Achei que fomos um pouco insensíveis nessa hora. Podíamos ter falado para ele deixar para comer sua marmita outra hora, quando estivéssemos protegidos da chuva, e ir comendo alguma coisa mais rápida, como uma barrinha, enquanto caminhávamos. Mas nós simplesmente colocamos as mochilas nas costas.

Apesar de achar que a maneira como agimos não foi a mais adequada  (sem nos comunicarmos com ele),  acredito que fizemos o que era melhor para o grupo, naquele momento, não deixando as pessoas paradas embaixo da chuva, esfriando o corpo.

Acabou que a pressa foi em vão. Retomada a caminhadas as 13:00, cerca de  10 minutos  depois a chuva parou e o sol deu as caras, por alguns instantes.

Pouco depois, encontramos uma bifurcação. O tracklog que tínhamos seguia pela trilha da esquerda, motivo pelo qual adentramos nela.  Porém,  no decorrer da trilha tivemos dúvida se aquela seria uma trilha oficial do parque, já que não estava tão limpa quanto a outra que vínhamos seguindo.  Assim, aconselho seguir pela trilha da direita, após a bifurcação da Cachoeira Aiuruoca, pois certamente é a trilha correta.

Cachoeira Mané Emídio durante a travessia da Serra Negra
Campo Invernada, com cachoeira Mané Emídio ao fundo

A trilha que seguimos, à esquerda, foi bem curta. Caminhamos cerca de 20 minutos nela e já encontramos novamente a trilha mais aberta, por onde seguimos,  sempre descendo, até chegar, as 14:40, em um lindo campo com uma cabana. Era o campo  Invernada, cercado pelas montanhas e com uma linda vista da cachoeira Mané Emídio, onde fizemos uma breve pausa.

Seria um lindo local de camping, mas não é permitido acampar ali. O motivo? Eu também queria saber. Mas uma coisa eu já reparei:  Sempre se proibi camping nos lugares mais bonitos dentro dos Parques . Talvez queiram evitar uma possível degradação, que uma área de camping provoca. Imagina todas aquelas gramíneas do Invernada, sendo esmagadas por barracas dia a dia. É… provavelmente aquele lugar não teria mais o mesmo encanto de hoje. Então, se esse for o motivo, estão completamente certos em manter a proibição.

Bom, voltando à trilha, posso dizer que, até aqui, a caminhada foi relativamente tranquila, sem grandes desníveis, sem grande esforço físico. Apenas demandou  alguma atenção no trecho de lajes de pedra, para não escorregar. Mas, a partir da Invernada a coisa começou a ficar feia. Foi um sobe e desce sem fim.

Prosseguimos  com a travessia da Serra Negra descendo em direção às Cabanas Cabeceira do Aiuruoca. Um trecho que se encontrava bem encharcado (provavelmente devido as chuvas dos dias anteriores) e que foi motivo de alguns escorregões, sendo diversos deles meus.

Incrível ver como fiquei traumatizada depois da queda boba durante o Circuito Ausangate, que me custou uma fratura, quase total,  de costela. Eu tinha tudo para sentar a bunda no chão, com esses  escorregões que dei na trilha, enlameada, da Serra Negra, mas segurava com tanta força nos bastões que o máximo que acontecia era eu dobrar os  joelhos.  Adivinha o que mais doía em mim quando retornei para casa?

Nesse trecho viemos a saber que a nossa amiga Mônica havia torcido o tornozelo, e vinha tentando caminhar daquela forma mesmo, já a algum tempo.

Quando a vi mancando fiquei preocupada e triste, por saber que ela, provavelmente, não estaria mais aproveitando a trilha, por causa da dor.

A primeira coisa que pensei foi em passar uma atadura no pé dela, para deixar a pisada dela mais firme, pois a cada passada o tornozelo dela bambeava muito, o que provavelmente estaria piorando o seu quadro.

Dei as ataduras que tinha ao Bruno, namorado da Mônica, que tirou a sua bota e enfaixou o seu tornozelo.

Com o tornozelo enfaixado e já com as botas calçadas,  percebi que a dificuldade dela, em caminhar, parecia ter piorado. Mas como assim? O tornozelo foi estabilizado. Não era para ter ajudado, ao menos um pouco? Pois é, isso que dá “achismo”. Posteriormente, em um curso de primeiros socorros em áreas remotas,  vim a saber que não podemos tirar os sapatos da pessoa que torce o pé, pois isso piora a situação.

Nosso local de pernoite, neste dia, seria nas Cabanas Cabeceira do Aiuruoca, porém  o Bruno acreditava que seria melhor prosseguir até a Pousada Pico da Serra Negra, devido a situação da Mônica, pois lá teria mais estrutura para cuidar dela, sendo um local onde poderia pegar um transporte para tirá-la da montanha.

Eu entendia a preocupação do Bruno, mas acreditava que fazê-la caminhar por mais 5 Km, daquele jeito, só prejudicaria  ainda mais o tornozelo da moça.

Tive então a ideia de chegarmos até as Cabanas, que já estavam bem próximas,  e de lá, umas duas pessoas do grupo,  partirem em direção à Pousada Serra Negra, a fim de conseguirem um cavalo para voltar e resgatar a Mônica.´

A Karine e o Samuel, nessa hora, prontamente, dispuseram-se à ir em busca do cavalo, partindo, à frente, com a Mônica e o Bruno. A ideia era deixar o casal nas cabanas e ir até a Pousada tentar conseguir o cavalo para transportá-la.

Eu fiquei esperando o restante do grupo, que estava coletando água no rio, para partirmos de encontro à eles.

Cabanas Cabeceira do Aiuruoca na travessia da Serra Negra
Cabanas Cabeceira do Aiuruoca

Com as garrafas cheias, continuamos a caminhada e logo chegamos as Cabanas do Aiuruoca, as 17:00, onde, surpreendentemente, encontramos com o Samuel e 3 homens COM CAVALOS.

Samuel disse que  conseguiram um cavalo emprestado com aqueles homens e a Karine já tinha partido com a Mônica e o Bruno. Foi um alívio ouvir aquilo. Samuel ficou para seguir conosco.

Eu já apresentava sinais de cansaço, pela horas que já estávamos na trilha e pela constante luta que vinha travando para me manter em pé naquele chão escorregadio. A  minha vontade era ficar por ali mesmo, nas Cabana, mas não podíamos. Precisávamos  prosseguir, pois o Bruno a Karine e a Mônica  ficariam aguardando a nossa chegada na pousada. Se não chegássemos, certamente,  ficariam muito preocupados. Prosseguimos então com a caminhada, que levaria mais 5 km para ser concluída, a partir dali.

Fiquei preocupada com o André e a Suelen, que não estavam muito bem. Ele estava sentindo dores nos joelhos, provavelmente devido às descidas escorregadias, onde nos esforçamos muito para ficar em pé, e ela enfrentava uma forte dor na cervical, a qual machucou durante a travessia Marins-Itaguaré, que fizemos em junho do mesmo ano (2017)

Já no breu da noite, iluminada apenas pelos feixes das luzes das nossas lanternas, Samuel, vendo a dificuldade dos nossos amigos, tentou distrair um pouco os dois mas, infelizmente não deu muito certo. Quando se está com dor, tendo que enfrentar seus limites o que mais a pessoa quer é silêncio para conversar com ela mesma.

De qualquer forma, valeu a intenção do nosso amigo Samuca. O importante é isso: se preocupar com as pessoas. Tem gente que dispara na frente e não quer nem saber se você está bem ou não. Só enxerga o próprio umbigo. Valeu Samuca!!

Esse trecho entre as Cabanas do Aiuruoca e a Pousada Serra Negra foi o mais difícil desse dia (e eu diria, que foi também o mais difícil de toda a travessia). Foram muitas subidas e descidas, que, apenas olhando o tracklog, você não diz que seriam tão sacrificantes.

Tudo dificultava: a escuridão da noite, com uma lanterna com problemas, que não iluminava muito bem;  o chão escorregadio;  as dores nos joelhos;  as dores nas costas;  o cansaço acumulado de um dia inteiro de caminhada;   a mochila que se tornava cada vez mais pesada;  as intermináveis subidas e descidas e uma pousada que nunca avistávamos.

Trilhamos 2 horas no escuro, chegando finalmente, as 8:00 da noite na Pousada Serra Negra, onde encontramos com a Karine, preocupada com a nossa demora, e prestes a sair ao nosso encontro. Bruno e Mônica já estavam acomodados em um quarto.

Chegamos destruídos fisicamente, mas a alma, ahhh a alma…

Karine nos contou da sua aventura com o Aragom, o cavalo que ela conduziu à pé, com a nossa doentinha Mônica, na sela, enfrentando estreitas trilha em ribanceiras lamacentas, lutando para não deixar o cavalo escorregar ribanceira abaixo, lutando para não ser derrubada por ele, lutando contra as dores no pé das pisadas que o cavalo lhe dava, enfim…  uma verdadeira heroína, como disso a Mônica. Valeu Karine!!

Karine era a única no grupo que sabia conduzir um cavalo, pois já foi amazona.

Bom, depois de um longo dia de trilha, armamos as barracas,  tomamos um banho (já que não estávamos em camping selvagem não havia motivo para não tomar), preparamos a nossa comida, conversamos um pouco e caímos no sono.

Suelen e André,  decidiram que também terminariam a travessia da Serra Negra ali,  pois ela estava sentindo muita dor na cervical. Voltariam com o Bruno e a Mônica, então, para a nossa hospedagem em Itamonte, onde deixamos os carros estacionados, e nos esperariam concluir a travessia.

Dados do dia:
Distância: 17,4 Km
Tempo: 11h30min aprox.
Elevação mínima: 1701m
Elevação máxima: 2550m

Dia 2: Pousada Pico Serra Negra – Cachoeira Santa Clara

Vista do topo do Morro da Misericórdia na travessia da Serra Negra
Vista do topo do Morro da Misericórdia

Acordamos por volta das 6:30, desarmamos acampamento, preparamos um gostoso café da manhã (aplausos para os ovos mexidos com queijo feito pelo Samuca) e iniciamos o segundo dia da travessia da Serra Negra, as 8:30 da manhã.

Bruno, Mônica, André e Suelen permaneceram na pousada. Tentariam contato com o nosso resgate para ir buscá-los ou dariam um jeito de retornar à nossa hospedagem em Itamonte, por outro meio.

Seguimos, então,  pela estrada que parte da porteira da Pousada Pico Serra Negra, por alguns metros, até adentrarmos na trilha, à direita,  após pularmos uma cerca nos fundos de uma casa.

Nesse ponto se inicia a subida da Misericórdia, que faz juz ao nome.  Porém, apesar de ser uma subida bem puxada, subimos no maior gás. Nosso  café da manhã parecia ter dado bastante sustância, após uma noite bem dormida. Me sentia revigorada, cheia de energia. O restante do grupo estava da mesma forma. Todos muito fortes.

Iniciamos a subida da Misericórdia as 10:30, e as 11:30 já estávamos descendo rumo ao vale de Santa Clara.

Encontrando os cowboys na travessia da Serrra Negra
Encontrando os cowboys

No meio do caminho reencontramos com aqueles três homens que estavam nas Cabanas do Aiuruoca, no dia anterior, e que emprestaram o cavalo para o resgate da Mônica.

Ficamos por um tempo ali proseando com eles, comendo um queijo mineiro, que nos ofereceram, e bebendo uma pinguinha caseira. Quer dizer… dessa última parte  Samuca e eu, ficamos de fora. Já  Emerson  e Karine se mostraram gostar muito da  água que passarinho não bebe.  😆

Depois de um tempinho ali com os novos amigos, prosseguimos com a caminhada rumo à Cachoeira Santa Clara, encontrando, por mais duas vezes o moços dos cavalos. E, em cada uma dessas vezes, Emerson e Karine deram um gole na cachaça dos cowboys 😆 .

No terceiro encontro, Karine  ainda estava inteirona.  Não posso dizer o mesmo do Emerson, que já estava mais “animadinho” 😆  😆

Bruno, por outro lado, se interessou mais pelos cavalos que pela pinguinha. Pediu para montar em um  deles, para ver como era. Ele nunca havia andado à cavalo.

Andando a cavalo durante a travessia da Serra Negra
Bruno andando a cavalo pela primeira vez

Um dos cowboys lhe passou, então,  algumas instruções básicas e lá foi ele. Lembro até agora dos olhinhos do Bruno brilhando, como os de uma criança. Foi muito legal presenciar isso.

Antes de partirmos, e nos despedirmos, definitivamente dos amigos cowboys (não nos encontraríamos mais pois eles pegariam uma outra trilha), Karine e Emerson tomaram uma última dose da “mardita”. kkkkk.

Continuamos descendo rumo a cachoeira Santa Clara, parando as 13:00 para fazer um almoço.

Comi o resto do lanche de trilha que havia na minha mochilas, naquele estado de final de travessia, e continuei com fome. Vi então que o Bruno tinha uma maçã, vermelhinha e suculenta e não deu outra: “Vc só tem essa Bruno?”, perguntei.  “Não . Tenho duas”. Tive que pedir.  😀

Aquela foi simplesmente a maçã mais gostosa que eu havia comido nos últimos anos. Logo eu, que odeio maçãs. Acho que eu devia estar muito desidratada para achar maçã gostosa.

Por falar em desidratação, não vi nenhum ponto de água nesse dia, a não ser o da própria cachoeira Santa Clara, no final da trilha.

Bom, depois do almoço, continuamos a travessia da Serra Negra, sempre descendo. Os joelhos de todos já reclamavam muito, ao ponto de termos que andar de costas, em um certo trecho, para aliviar as dores.

Após, quase sete horas de caminhada (a maior parte em descida), finalmente chegamos à Cachoeira Santa Clara, finalizando a travessia da serra Negra, por volta das 15:00.

Cachoeira Santa Clara no final da travessia da Serra Negra
Cachoeira Santa Clara

Como o Sr. Amarildo, nosso  resgate,  só iria nos buscar as 17:00 (chegamos adiantados), fomos aproveitar a cachoeira, que estava ali sozinha, todinha só para nós. Um cenário totalmente diferente de quando fizemos a travessia Rancho Caído, a qual terminou na Cachoeira do Escorrega, que estava, na ocasião,  lotada de gente, como formigas no bolo.  😯

Após uma hora curtindo a cachoeira subimos de volta à estrada, as 16:00,  a fim de aguardar o Sr Amarildo mas , para nossa surpresa, ele já estava lá. Havia chegado mais cedo. Ficamos, então, sabendo que nossos amigos tinham conseguido contatá-lo e que já tinham sido resgatados na Pousada Serra Negra.

Já que tudo tinha corrido bem e estávamos esfomeados, naquele momento,  pedimos para o Sr. Amarildo nos levar para comer  truta.  Bruno estava louco por uma truta desde a travessia Marins-Itaguaré, quando as coisas não saíram como planejado e acabamos perdendo a truta que o Sr. Dito prepararia no refúgio Marins, quando finalizássemos a travessia. Mas isso é história para um outro post. Aguardem!! (Ainda não escrevi sobre essa travessia, apesar de ter ocorrido antes da travessia da Serra Negra, porque a história é longa… haja tempo para escrever rs)

Depois de degustar aquele delicioso peixe, em um restaurante na Vila de Maromba, seguimos viagem de volta para nossa hospedagem em Itamonte, às margens da BR 354, fazendo uma breve pausa na Garganta do registro para comprar comidinhas mineiras para a família. Não posso voltar pra casa sem o queijo que minha mãe tanto gosta.

Chegamos a pousada  por volta das 20:00, pegamos os carros e iniciamos viagem de retorno às nossas casas.

Dados do dia:
Distância: 13,3 Km
Tempo: 6h40min aprox.
Elevação mínima: 1180m
Elevação máxima: 2190m


Mais sobre essa trip
Dicas Travessia da Serra Negra
DICAS
Tracklog Travessia da Serra Negra
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Fotos Travessia da Serra Negra
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